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Tauromaquia é Património Cultural Imaterial de interesse Municipal

Ao longo da história do concelho de Alcochete a tauromaquia está presente nas tradições mais antigas e populares de uma forma tão exacerbada que não pode ser dissociada do ser e sentir alcochetano. É plenamente reconhecida a Festa Brava, nas suas mais diversas manifestações, como parte integrando da identidade cultural local, documentalmente referida já na segunda metade do século XV, no reinado de D. João II.

A “afficcion” das gentes de Alcochete traduz-se na forma como exaltam a verdadeira essência que dá forma e cor à Festa Brava, bem como as figuras que personificam a identidade tauromáquica. 


Cavaleiros, campinos e forcados fazem parte da memória colectiva deste povo que se revê na bravura do Grupo de Forcados Amadores do Aposento do Barrete Verde e do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete que, em diversas praças do país, e do estrangeiro, exteriorizam toda a sua coragem e respeito por esta arte. 



A paixão e cultura tauromáquica são ainda transmitidas a todas as pessoas que visitam Alcochete em momentos festivos, nomeadamente nas Festas do Barrete Verde e das Salinas, nas Festas Populares do Samouco e nas Festas de Confraternização Camponesa de São Francisco.  


Foram estas as razões fundamentais à declaração da Tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal aprovada, por unanimidade pela Câmara Municipal, a 9 de Maio de 2012, e a 29 de Junho pela Assembleia Municipal, também por unanimidade.

Esta foi uma declaração elaborada em conformidade com a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, adoptada na 32ª Conferência Geral da Unesco, e em consonância com outros municípios portugueses que integram a Secção dos Municípios com Actividade Taurina.

A declaração da Tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal reflecte a importância da Tauromaquia, quer em termos identitários mas também culturais e sociais, no Concelho, alicerçada também numa importante componente histórica.

Na crónica de Garcia de Resende, que narra a bravura de D. João II perante um toiro em Alcochete, pode ler-se o seguinte: “Estando el Rey em Alcouchete, hindo hum dia de casa a pe com a Rainha, e damas, e senhores, e muytos fidalgos a ver correr touros no terreiro junto da Igreja, acertou que metendo hum touro na cancella fogio de corro, e veyo por a rua principal por onde el Rey hia, e diante do touro vinha muyta gente, fogindocom grande grita. Foy o receo tamanho nos que hiam diante del Rey que todos fogiram, e se meteram por casas, e travessas. E el rey so tomou a Raynha pola mao, e posze diante della com a capa no braço, e a espada apunhada com muyto grande segurança esperou assi o touro, que quis Deos que passou sem enteder nelle”.

Além da crónica de Garcia de Resende que refere o acto de bravura de D. João II frente a um touro em Alcochete, célebre ficou também a manada de São João, mantida pelo povo de Alcochete para assegurar a realização de festejos taurinos de São João e que remontam provavelmente a finais da Idade Média e o envolvimento do Município na organização das festas de São João no séc. XVI.

Alcochete está igualmente associada à criação e apuramento de raças taurinas. Exemplo é a ganadaria do Comendador Estêvão António de Oliveira no século XIX, e actualmente com a criação das ganadarias Samuel Lupi e Rio Frio, desenvolvidas pelo Engenheiro José Samuel Lupi.

As prestações dos dos dois grupos de forcados de Alcochete asseguram a continuidade de uma tradição com quase de 200 anos – a arte de pegar toiros.

 (cm-alcochete)


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