A modernização do sistema público de abastecimento de água levou à sua desativação e entulhamento na década de 40 do séc. XX. À época, o Poço apresentava uma coluna, com uma bica que vertia para duas pias em pedra. Duas rodas paralelas em ferro permitiam a bombagem manual da água.
O largo perdeu assim uma das mais carismáticas referencias do quotidiano dos alcochetanos, sobrevivendo a sua imagem na memória dos poucos que ainda o recordam e em algumas fotografias da época.
No Verão de 2009, “Ano das Memórias do Concelho”, a Câmara Municipal de Alcochete recuperou o Poço e devolveu-o aos nossos olhares enquanto elemento simbólico da História da Vila. A escavação pôs a descoberto a sua primitiva boca, com 2,4m de diâmetro, delimitada por lajes que restam ao nível da cota do antigo largo.
É visível o revestimento, com um anel de silhares calcários, a que o Poço primitivo foi sujeito, seguramente para reforço da sua estrutura original, reduzindo o seu diâmetro para 1,8m. Detetaram-se também dois pontos de descargas de águas residuais com respetivas caleiras de drenagem.
A intervenção da Autarquia, que visou a recuperação do Poço, não integrou a reconstituição da estrutura à data da sua desativação.
Para evitar possíveis conflitos com o atual arranjo arquitetónico do largo, criou-se uma estrutura metálica envidraçada, rasa, permitindo circular e observar simultaneamente o interior do Poço. Essa mesma estrutura metálica sobrepõe a orientação da antiga plataforma quadrada que sobrelevava as cantarias que caracterizavam o poço na sua última fase.
O Poço de São João está intimamente associado ao imaginário afetivo e identitário de Alcochete, constituindo um importante património local, sendo glosado por poetas e cantado por fadistas.
Segundo a sabedoria popular: “quem bebesse desta água, nunca mais saía de Alcochete”. (cm-alcochete)